O Tormento do Tarô




O Tarô está associado ao caminho mágico e, por esta razão, suas associações são complexas e diversas, confundindo por demais os estudantes.
Randall Collins dá uma boa sugestão no que diz respeito ao estudo dos sistemas ocultos:

Nosso princípio norteador devereria ser: confie nas vivências, não nas interpretações.Exploradores do oculto tem vivenciado esferas da consciência e aspectos da existência que foram completamente obliterados pelo establishment científico do ocidente.Eles são guias que podem ampliar nossos mundo.Mas os sistemas verbais que construíram para explicá-las e as organizações humanas que erigiram em volta delas, deveriam ser tratados com o mesmo ceticismo e análise imparcial como o tudo o mais no mundo mundano.Estas idéias são teorias e deveriam estar sujeitas a um esmiuçamento contínuo - testadas em relação a outros aspectos da vivência do oculto ( e do mundano), descartadas, revisadas e desenvolvidas conforme necessário.Os grandes obstáculos a serem evitados são o dogmatismo e a escolástica, dos quais há muito em quase todas as tradições do oculto.

Collins prossegue indicando que os sistemas ocultos exageradamente complexos e emaranhados são o testemunho de que muitos intelectuais ocultistas dedicam suas vidas a um jogo de exibicionismo esotérico.

A situação para qualquer pessoa que queira entender a tradição do ocultismo é ainda mais difícil hoje, por causa das inúmeras correntes separadas históricamente que tem sido colocadas juntas - algumas vezes descuidada e ilogicamente - para formarem novas sínteses, que podem ou não ter valor de verdade.Autores do ocultismo costumam unir livremente idéias e termos da filosofia do oriente, das religiões clássicas de mistérios,da cabala, das artes herméticas, do Renascimento, das teorias de autoproclamados magos modernos, das doutrinas de semi-religiões, das mitologias das culturas tribais , de mensagens de entitades supostamente desencarnadas, dos ensinamentos de gurus e frequentemente tomando destes contextos as características que se adaptam às sua necessidades de momento.
É muito fácil criar explicações aparentemente ricas e significativas dos sistemas ocultos, elaborando camadas sobre camadas de referências e alusões - sem verdadeiramente selecionar as informações fidedignas daquelas sem valor, e sem nunca mostrar esses fragmentos de fato se encaixam de maneira significativa.Esta maneira de pensar é frequentemente encontradas nos escritos de ocultismo contemporâneos, provocando o resultado infeliz de fascinar ( ou confundir) o neófito por um lado, e de ofender o leitor bem informado de outro.

O Tarô é particularmente atormentado por tal sintetização uma vez que pode ser associado, por qualquer autor minimamente dotado, a tudo que existe debaixo do sol.


Não precisa dizer mais nada!

Compilação do livro de Cynthia Gilles : O Tarô, uma História Crítica

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